The Last of Us: A Jornada Entre Zombies e Lacração

A adaptação de The Last of Us para a televisão era uma das mais esperadas pelos fãs de games. Com uma história rica e personagens marcantes, a série tinha a missão de não apenas agradar os jogadores apaixonados, mas também conquistar uma nova audiência. Agora que a segunda temporada chegou até aqui, é hora de analisar cada detalhe: os pontos altos, os tropeços e as diferenças em relação ao jogo que marcaram essa jornada.

SÉRIES

Victor Raphael

5/14/20243 min read

Direção e escolhas

Os produtores de adaptações precisam compreender uma verdade simples: ao trabalhar com histórias e personagens já consolidados e queridos pelos fãs, a atenção aos detalhes é crucial. Claro, como artistas, eles têm direito à liberdade criativa, mas essa liberdade não pode custar a essência da obra original.

A primeira temporada de The Last of Us foi um exemplo brilhante de como respeitar a base de fãs enquanto se cria algo impactante. Fiel ao jogo, ela apresentou os personagens de maneira impecável, explorou seus dilemas e motivações, e entregou atuações incríveis, uma fotografia de encher os olhos e efeitos visuais deslumbrantes.

Já na segunda temporada, infelizmente, os produtores se perderam. Não sei dizer se a culpa recai sobre o diretor, o roteirista ou ambos, mas a tentativa de expandir o público-alvo comprometeu a obra. Exemplos disso não faltam, como a decisão de transformar Joel em um homem que reprime emoções e vai a terapia – algo completamente desalinhado com o espírito de sobrevivência que o define no jogo.

Cadê o Perigo Real?

Um dos aspectos mais marcantes do universo de The Last of Us sempre foi a sensação de perigo iminente. O mundo pós-apocalíptico, repleto de infectados e humanos perigosos, cria um constante estado de alerta. No entanto, na segunda temporada, esse elemento desapareceu. Cadê os infectados? Cadê o instinto de sobrevivência?

Logo no primeiro episódio, Dina e Ellie brincam de esconde-esconde com um infectado. O que deveria ser uma cena carregada de tensão se torna uma piada sem propósito. A narrativa perde força e, junto com ela, a imersão dos fãs.

Descaracterização dos Personagens

Bella Ramsey é uma atriz talentosa, e o problema com Ellie não está em sua atuação, mas na direção que deram à personagem. Ellie se torna quase caricatural, uma adolescente insuportável que trata Joel com desdém sem nenhuma justificativa aparente. No jogo, a relação complicada entre eles é cuidadosamente construída e compreendida; já na série, parece surgir do nada.

A morte de Joel, que deveria ser o motor emocional da história, também carece de profundidade. Ellie perde seu mentor e figura paterna de forma brutal, mas no dia seguinte já está brincando de casinha com Dina. Onde está o luto? Onde está a raiva? Sua missão de encontrar os Lobos é vaga, e sua motivação nunca é claramente explorada. Ao longo da temporada, Ellie se mostra mais preocupada com trivialidades do que com a busca por justiça ou vingança.

O Problema com Abby

No jogo, a introdução de Abby é um golpe emocional bem planejado. Sua motivação só é revelada nos momentos finais, forçando o jogador a encarar os eventos sob outra perspectiva. Na série, porém, a história de Abby é apresentada de forma apressada, eliminando o impacto e o peso moral que tornam sua jornada tão marcante.

O jogo brilhantemente explora dilemas filosóficos, como o famoso "dilema do trem". Sacrificar uma pessoa para salvar muitas outras parece uma escolha lógica, mas e se essa pessoa for alguém que você ama? Abby é o catalisador dessa reflexão, mas na série, sua narrativa é diluída, perdendo a força e a complexidade que tinha no jogo.

Uma Oportunidade Perdida

É triste ver como uma série com tanto potencial acabou tropeçando em escolhas criativas questionáveis. Para quem não jogou o jogo, a série ainda pode parecer interessante, mas está cada vez mais difícil ignorar suas falhas. Com a falta de ritmo e a construção inconsistente de personagens, a tendência é que a audiência continue a cair.

E Você?

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